Calcifilaxia: Patologia pouco frequente, mas, de alta mortalidade (60-80%), determinando que se tenha condições de diagnóstico precoce e intervenção precisa.
Calcifilaxia: Patologia pouco frequente, mas, de alta mortalidade (60-80%), determinando que se tenha condições de diagnóstico precoce e intervenção precisa.
Nosso objetivo é trocar conhecimentos, experiências, principalmente com relação a terapêutica, visto que há diversidade quanto a disponibilidade de recursos e muitas dúvidas sobre a conduta a ser tomada.
Esse é um caso do HC-FMUSP, apresentado pelo Dr. Precil Diego Miranda de Menezes Neves sob supervisão de Dra. Rosa Maria Affonso Moysés e Dra. Rosilene Motta Elias.
Conto com a participação de todos, especialmente de colegas que vivenciaram essa experiência angustiante e dramática. Obrigada!
Dra Melani Custódio
Caso Clínico
Identificação: MJG, 51 anos, gênero feminino, negra, do lar, amasiada, natural de Almadina-BA e procedente de São Paulo-SP, ensino fundamental completo.
Queixa Principal e Duração: Lesões dolorosas em membros inferiores há 3 meses
História Pregressa da Moléstia Atual: Paciente refere que há cerca de 3 meses houve surgimento espontâneo de lesões ulcerosas em membros inferiores, extremamente dolorosas, com aumento progressivo do número de lesões e acometimento posterior de membros superiores. Há 1 mês a paciente foi internada em outro serviço, com suspeita de úlceras vasculares infectadas, tendo sido submetida a debridamento cirúrgico das lesões no membro inferior D. Fez uso de antibióticos, os quais não soube relatar os nomes, e recebeu alta hospitalar, sem apresentar melhora da dor/aspecto das lesões.
Antecedentes Mórbidos Pessoais: Hipertensão com diagnóstico há 5 anos, Doença Renal Crônica de etiologia indeterminada com início de Terapia Renal Substitutiva há 4 anos (Diálise Peritoneal). Nega tabagismo prévio ou realização de ressonância magnética recente. G3P3(N3)A0 com gestações sem intercorrências.
Antecedentes Mórbidos Familiares: Pai hipertenso e diabético com diagnóstico aos 60 anos. Mãe hipertensa com diagnóstico aos 55 anos. Irmãos hígidos.
Exame Físico Admissional:
Geral: Regular Estado Geral, hipocorada (+1/+4), hidratada, acianótica, anictérica, febril (Temp: 38,1ºC) sem linfadenomegalias palpáveis
Aparelho Respiratório e Cardiovascular: sem alterações, FC: 112bpm, PA: 130x90mmHg
Abdome: cateter de Tenckhoff locado em região para mediana esquerda. Óstio em bom estado.
Membros inferiores:
Esquerdo: Lesões crostosas de tamanhos variados.
Direito: Grande área desbridada, com exsudação esverdeada. Ruptura de tendão aquileu, sem déficits sensitivos.
Pulsos amplos bilaterais.
Prescrição de diálise: Diálise Peritoneal Automática, 8 h, 4 ciclos com Volume de Infusão de 1,5 l, bolsas a 2,5%. Cálcio do banho: 3,5 mEq/L
Medicamentos em uso contínuo:
Sevelamer: 2.400 mg, 3 x dia Eritropoitina: 4.000 UI, 2 x semana Ácido Fólico: 5 mg/dia
Complexo B: 1 cp/dia Anlodipino: 5 mg, 2 x dia Hidralazina: 50 mg, 2 x dia
Metil dopa: 500 mg, 2 x dia Furosemida: 80 mg, 2 x dia Alopurinol: 100 mg/ dia
Sinvastatina: 20 mg/ dia Omeprazol: 20 mg/ dia Ferro injetável: 100 mg, 1x mês
Exames Laboratoriais da internação da admissão:
Fotos das Lesões
MID MIE
QUESTÕES:
1- Quais são as hipóteses diagnósticas para as lesões de pele?
2- Para a investigação do quadro clínico da paciente, quais outros exames deveriam ser solicitados?
3- Essa paciente se enquadra na população de risco para desenvolver calcifilaxia??
4- Quais as primeiras condutas a serem tomadas??